terça-feira, 30 de setembro de 2025

CANNABIS (MACONHA) VICIA, SIM!


Hoje em dia, não há mais dúvidas de que a Cannabis pode "viciar". Além disto, o conceito de "vício" (ou "dependência") não é o único aspecto relevante, pois se considera que qualquer quantidade usada é prejudicial e basta a presença de dois comportamentos problemáticos para se diagnosticar um Transtorno de Uso de Cannabis (TUC). Os critérios da Associação Psiquiátrica Americana para o diagnóstico do Transtorno de Uso de Cannabis (maconha) são os seguintes:

Presença de comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo em 12 meses, manifestado por pelo menos 2 dos seguintes sintomas:

  1. Cannabis consumida em quantidades maiores ou por um período mais longo do que o pretendido
  2. Desejo persistente de consumir ou esforços mal-sucedidos para reduzir ou controlar o consumo
  3.  Muito tempo é gasto na aquisição, no uso ou na recuperação dos efeitos do uso de Cannabi
  4. Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar Cannabis
  5. Uso recorrente de Cannabis, resultando em prejuízo em cumprir obrigações importantes no trabalho, escola ou em casa;
  6. Continuação do uso, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelo uso
  7. Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes abandonadas para poder usar Cannabis
  8. Uso recorrente de Cannabis em situações fisicamente arriscadas
  9. Continuação do uso, apesar de ter problema físico ou psicológico sobre o qual sabe ter decorrido ou se exacerbado devido ao uso de Cannabis
  10. Tolerância, definida por
  • necessidade de quantidades significativamente maiores de Cannabis para levar a intoxicação ou ao efeito desejado 
  • efeito significativamente menor com o uso continuado da mesma quantidade
11. Abstinência, manifestada por:
  • sintomas de abstinência característicos da Cannabis
  • uso de Cannabis ou substância intimamente correlata para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência
SE A PESSOA PREENCHER CRITÉRIOS PARA TUC, É SINAL DE QUE PRECISA PARAR - O QUE PODE SER FACILITADO ATRAVÉS DE TRATAMENTO ADEQUADO

Riscos de desenvolvimento de TUC, de acordo com a frequência do uso

Numa revisão de seis estudos de coorte sobre TUC, comparando usuários com não-usuários, Robinson et al. (2022) observaram riscos cerca de 2 vezes maiores de desenvolver TUC para usuários anuais, 4 vezes maiores para usuários mensais, 8 vezes maiores para usuários semanais e 17 vezes maiores para pessoas que utilizavam Cannabis diariamente.

IMPORTANTE:

Numa meta-análise envolvendo 14 publicações e 3681 participantes, em pessoas que haviam usado Cannabis medicinal nos últimos 6 a 12 meses, transtorno de uso de Cannabis foi observado em 25% das pessoas (29% usando critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, 5a. edição e 24% usando os critérios da 4a. edição). Esta prevalência é semelhante à encontrada em usuários recreativos (Dawson et al., 2024).

Referências bibliográficas

American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425787

Dawson D et al.  The prevalence of cannabis use disorders in people who use medicinal cannabis: A systematic review and meta-analysis Drug Alcohol Depend. 2024 Apr 1:257:111263. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2024.111263. Epub 2024 Mar 8.PMID: 38493566

Robinson T et al. Identifying risk-thresholds for the association between frequency of cannabis use and development of cannabis use disorder: A systematic review and meta-analysis  Drug Alcohol Depend. 2022 Sep 1:238:109582. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2022.109582. Epub 2022 Jul 21. PMID: 35932748 DOI: 10.1016/j.drugalcdep.2022.109582

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