Hoje em dia, não há mais dúvidas de que a Cannabis pode "viciar". Além disto, o conceito de "vício" (ou "dependência") não é o único aspecto relevante, pois se considera que qualquer quantidade usada é prejudicial e basta a presença de dois comportamentos problemáticos para se diagnosticar um Transtorno de Uso de Cannabis (TUC). Os critérios da Associação Psiquiátrica Americana para o diagnóstico do Transtorno de Uso de Cannabis (maconha) são os seguintes:
- Cannabis consumida em quantidades maiores ou por um período mais longo do que o pretendido
- Desejo persistente de consumir ou esforços mal-sucedidos para reduzir ou controlar o consumo
- Muito tempo é gasto na aquisição, no uso ou na recuperação dos efeitos do uso de Cannabi
- Fissura ou um forte desejo ou necessidade de usar Cannabis
- Uso recorrente de Cannabis, resultando em prejuízo em cumprir obrigações importantes no trabalho, escola ou em casa;
- Continuação do uso, apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados pelo uso
- Atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes abandonadas para poder usar Cannabis
- Uso recorrente de Cannabis em situações fisicamente arriscadas
- Continuação do uso, apesar de ter problema físico ou psicológico sobre o qual sabe ter decorrido ou se exacerbado devido ao uso de Cannabis
- Tolerância, definida por
- necessidade de quantidades significativamente maiores de Cannabis para levar a intoxicação ou ao efeito desejado
- efeito significativamente menor com o uso continuado da mesma quantidade
- sintomas de abstinência característicos da Cannabis
- uso de Cannabis ou substância intimamente correlata para aliviar ou evitar os sintomas de abstinência
Riscos de desenvolvimento de TUC, de acordo com a frequência do uso
Numa revisão de seis estudos de coorte sobre TUC, comparando usuários com não-usuários, Robinson et al. (2022) observaram riscos cerca de 2 vezes maiores de desenvolver TUC para usuários anuais, 4 vezes maiores para usuários mensais, 8 vezes maiores para usuários semanais e 17 vezes maiores para pessoas que utilizavam Cannabis diariamente.
IMPORTANTE:
Numa meta-análise envolvendo 14 publicações e 3681 participantes, em pessoas que haviam usado Cannabis medicinal nos últimos 6 a 12 meses, transtorno de uso de Cannabis foi observado em 25% das pessoas (29% usando critérios do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana, 5a. edição e 24% usando os critérios da 4a. edição). Esta prevalência é semelhante à encontrada em usuários recreativos (Dawson et al., 2024).
Referências bibliográficas
American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). https://doi.org/10.1176/appi.books.9780890425787
Dawson D et al. The prevalence of cannabis use disorders in people who use medicinal cannabis: A systematic review and meta-analysis Drug Alcohol Depend. 2024 Apr 1:257:111263. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2024.111263. Epub 2024 Mar 8.PMID: 38493566
Robinson T et al. Identifying risk-thresholds for the association between frequency of cannabis use and development of cannabis use disorder: A systematic review and meta-analysis Drug Alcohol Depend. 2022 Sep 1:238:109582. doi: 10.1016/j.drugalcdep.2022.109582. Epub 2022 Jul 21. PMID: 35932748 DOI: 10.1016/j.drugalcdep.2022.109582
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