quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

TERAPIA COMPORTAMENTAL, COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO (ACT)- SEGUNDA PARTE: TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL OU "TCC"



Na TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL, parte-se do princípio de que certos estímulos do ambiente (nisto se inclui não apenas o ambiente natural, porém pessoas, doenças, mudanças, viagens, provas acadêmicas - e tudo o que pode influenciar o comportamento do cliente, de alguma forma) desencadeiam pensamentos, muitas vezes automáticos e que passam despercebidos. Estes pensamentos, por sua vez, desencadeiam sentimentos e estes sentimentos são os que fazem a pessoa sofrer. Por trás destes pensamentos, há CRENÇAS centrais ou nucleares. Por exemplo, o namorado de uma pessoa faz uma crítica, que desencadeia um pensamento tipo "ele não gosta de mim", que faz a pessoa se sentir angustiada. Por trás deste pensamento, por sua vez, pode existir uma CRENÇA CENTRAL ou NUCLEAR do(a) cliente, de que tem alguma característica negativa (apenas como exemplo, que é feia, ou "chata" ou "burra") e que, por isto, ninguém vai amá-la. Na terapia cognitivo-comportamental se ajuda a pessoa a desenvolver um diálogo consigo mesma, de modo que ela conteste seus pensamentos automáticos ou seja, não os tome como verdade absoluta. Por exemplo, cada vez que aparecer um pensamento de "ele não gosta de mim" apenas porque foi criticada, ela se pergunta: "quais são as evidências de que, por me criticar, realmente não gosta de mim?" Muitas vezes, a pessoa percebe que tem uma tendência de tirar conclusões negativas com excessiva frequência e, através deste diálogo consigo mesma, aprende a distinguir, das situações que realmente têm uma conotação negativa, aquelas nas quais estava tirando conclusões exageradas e injustificadamente pessimistas. Submetendo seus pensamentos negativos a estas análises, é possível diminuir o sofrimento e, também, descobrir, aos poucos, quais as CRENÇAS nucleares por trás de seus pensamentos. A terapia não se atém aos pensamentos, apenas, mas, como na terapia comportamental, procura planejar com a pessoa soluções viáveis para seus problemas. O terapeuta usa preferencialmente a capacidade de raciocínio do(a) próprio(a) cliente, desenvolvendo a capacidade de a pessoa, aos poucos, resolver seus problemas sozinha e se tornar progressivamente mais independente. Assim, menos do que afirmações, o que o terapeuta mais faz são perguntas que ajudem o(a) cliente a entender melhor o que ocorre e tirar suas próprias conclusões e sugerir soluções.

Na figura do início da postagem, alguns dos vieses cognitivos comuns que levam ao sofrimento: ABSTRAÇÃO SELETIVA (selective abstraction) - tirar conclusões com base em apenas um dos muitos elementos de uma situação (como no exemplo da pessoa que conclui que o namorado não gosta dela apenas porque a criticou, uma vez). MINIMIZAÇÃO (minimisation): desvalorizar a importância de um pensamento, emoção ou evento positivo. PERSONALIZAÇÃO (personalisation) atribuir-se a responsabilidade por eventos que não estão sob o controle de uma pessoa. INFERÊNCIA ARBITRÁRIA (arbitrary inference) tirar conclusões quando há pouca ou nenhuma evidência. MAGNIFICAÇÃO (magnification) dar importância desproporcionalmente grande a eventos. SUPERGENERALIZAÇÃO (overgeneralisation) tirar grandes conclusões com base em eventos isolados.


Imagem (atribuição): LoudLizard [CC BY-SA (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)]

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Sinta-se à vontade para comentar e perguntar. Peço que os comentários sejam sempre construtivos.