terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

TERAPIA COMPORTAMENTAL, COGNITIVO-COMPORTAMENTAL E TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO (ACT) - PRIMEIRA PARTE: TERAPIA COMPORTAMENTAL




Já houve épocas em que, no meio psicoterapêutico, havia muito preconceito contra a TERAPIA COMPORTAMENTAL. Como ela, em parte, é baseada em estudos em animais, quem não conhecia o modelo muitas vezes achava que, na TERAPIA COMPORTAMENTAL, havia uma "super-simplificação", na qual o funcionamento das pessoas era considerado igual ao de pombos ou cobaias. Outro responsável pela má fama da TERAPIA COMPORTAMENTAL era o fato de que alguns dos experimentos com animais envolvem estímulos punitivos e que, realmente, em épocas passadas, alguns terapeutas os utilizavam em seus pacientes.

Entretanto, quando se usa a TERAPIA COMPORTAMENTAL, o terapeuta faz uma análise da interação do(a) cliente com seu meio-ambiente ("meio-ambiente" não se refere apenas ao ambiente "natural", mas a todos os estímulos externos como, por exemplo, os que vêm de outras pessoas -na forma dos atos destas - e que afetam o/a cliente). Parte-se do princípio de que todo comportamento se origina, em algum momento, na história da vida da pessoa, de sua interação com outras pessoas e o mundo, de forma geral. Através da análise destas interações, procura-se entender o comportamento do(a) cliente e a origem das queixas que o(a) ao consultório. Com base na observação do(a) cliente e nos seus relatos, procura se identificar o que desencadeia suas respostas ("comportamentos") e o que mantém estas respostas. Apenas como exemplo, um tipo muito comum de situação é aquela na qual a pessoa tem algum problema de relacionamento com alguém e traz seu sofrimento ao terapeuta. Muitas vezes, o(a) cliente evita confrontar quem o(a) faz sofrer, com medo das consequências (por exemplo, a possibilidade de perder o amor da outra pessoa). Assim, cada vez que há (novamente, só como exemplo) uma briga, o(a) cliente concorda com o que a outra quer, mesmo a contragosto. Como, em função disto, ela(e) pode realmente evitar alguma punição, esta atitude acaba mantendo o comportamento dela e ela continua sempre concordando - e sofrendo. Após a análise das DIVERSAS (raramente é uma só...) situações que fazem a pessoa sofrer, junto com o terapeuta ajuda a pessoa a elaborar propostas de lidar com os problemas de formas novas - e que possam diminuir o sofrimento e aumentar o bem-estar. O terapeuta usa preferencialmente a capacidade de raciocínio e observação do(a) próprio(a) cliente, evitando, assim, induzir comportamentos e desenvolvendo a capacidade de a pessoa, aos poucos, resolver seus problemas sozinha e se tornar progressivamente mais independente. Assim, menos do que afirmações, o que o terapeuta mais faz são perguntas que ajudem o(a) cliente a entender melhor o que ocorre e tirar suas próprias conclusões e sugerir soluções.

Imagem: Habilidades interpessoais  By Ninaballerina701 - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15282852


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