sábado, 4 de agosto de 2018

MACONHA VICIA?





O TRANSTORNO DE USO DE CANNABIS


Muitas pessoas usam maconha esporadicamente e não têm nenhum problema comportamental grave. Entretanto, o que se observa é que uma parte dos usuários acaba desenvolvendo o que se chama de "transtorno de uso de maconha", que é um quadro caracterizado por um padrão de uso problemático da Cannabis.


Segundo a Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, 2013), para o diagnóstico de um transtorno de uso de maconha, há necessidade da presença de pelo menos dois dos sintomas abaixo, ao longo de pelo menos um ano (os exemplos são ilustrativos e podem variar de caso para caso):

1. A maconha é consumida em quantidades maiores ou por um período mais prolongado do que se pretendia (por exemplo, a pessoa decide que vai fumar um baseado mas acaba fumando vários ou decide que vai ficar fumando só até um determinado horário, mas acaba passando desse horário).

2. Há um desejo persistente OU várias tentativas de parar de usar ou de controlar o uso. (Isto porque algumas pessoas claramente percebem que querem parar ou controlar, mas não conseguem e outras não têm esta percepção; porém, se uma pessoa já se propôs a controlar o uso ou parar várias vezes e sempre volta a usar, é sinal quase certo de que não está conseguindo, só que ainda não percebeu.)

3. Muito tempo é gasto para conseguir a maconha, usando a maconha ou se recuperando de seus efeitos. (Por exemplo, a pessoa percorre longos trajetos ou perde muito tempo para conseguir comprar a maconha; ou fica usando várias horas seguidas; ou o barato da maconha demora muito tempo para passar e a pessoa recuperar seu normal e poder realizar suas atividades.)

4. Ocorrência de "fissura" ou um desejo e necessidade muito fortes de usar a maconha.

5. Uso repetido de maconha resultando em insucesso no cumprimento de obrigações no trabalho, na escola ou em casa. (Por exemplo, um adolescente que deixa de estudar para a prova porque fica fumando maconha ou porque fica sob efeito de ter fumado.)

6. Continuação do uso de maconha apesar de problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou piorados pelos efeitos da maconha. (Por exemplo, a pessoa fica frequentemente sob o efeito do "barato" da maconha e tem comportamentos que levam os outros a se afastarem.)

7. Importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são interrompidas ou diminuídas por causa do uso da maconha. (Por exemplo, a pessoa se isola socialmente ou da família porque prefere ficar curtindo o "barato" da maconha.)

8. Uso recorrente de maconha em situações que envolvem perigo físico. (Por exemplo, dirigir sob o efeito de maconha.)

9. Continuação do uso da maconha apesar de a pessoa apresentar problema físico ou psicológico sobre o qual ela sabe que é causado ou piorado pela maconha. (Por exemplo, a pessoa sabe que tem uma bronquite piorada por fumar maconha e, mesmo assim, continua fumando.)

10. Tolerância: a pessoa tem necessidade de usar quantidades cada vez maiores de maconha para conseguir o mesmo "barato" ou, ao contrário, a pessoa mantém a mesma quantidade de maconha que sempre usou, mas os efeitos diminuem, ao longo do tempo.

11. Abstinência característica da maconha (irritabilidade, raiva ou agressividade; nervosismo ou ansiedade; dificuldades de dormir; diminuição do apetite ou perda de peso; inquietação; humor deprimido; desconforto por caus de dores abdominais, tremores, suor, febre, calafrios ou dor de cabeça) ou necessidade de usar maconha para evitar os sintomas de abstinência.

Nos Estados Unidos, cerca de 3,4% dos jovens entre 12 e 17 anos apresentaram este diagnóstico em algum período do ano anterior à pesquisa, assim como 1,5% das pessoas acima de 18 anos (1).

No Brasil, segundo levantamento em 2012, 6,8% dos adultos pesquisados usaram maconha na vida, o que correspondia a mais de 7,8 milhões de pessoas; destes, 43% haviam usado no ano anterior à pesquisa e, destes, por sua vez, 37% eram dependentes. (2)

Neste mesmo levantamento,  4,3% dos adolescentes pesquisados já havia utilizado, dos quais 79% haviam usado ao longo do ano anterior à pesquisa. Destes, dez por cento eram dependentes. (2)








Referência:


1. American Psychiatric Association. (2013). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC

2. Laranjeira R (supervisor)   Madruga CS, Pinsky I, Caetano R, Mitsuhiro SS, Castello G     II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) – 2012.   Instituto Nacional para Políticas Públicas de Álcool e  outras Drogas ((9INPAD), (UNIFESP) . São Paulo, 2014

Ilustração

Grimmet C   Smoking   Wikimedia Commons   https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Cannabis_smoking#/media/File:Smoking_(6307374507).jpg , acessado em 04/08/2018



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