O TRANSTORNO DE USO DE CANNABIS
Muitas pessoas usam maconha
esporadicamente e não têm nenhum problema comportamental grave. Entretanto, o
que se observa é que uma parte dos usuários acaba desenvolvendo o que se chama
de "transtorno de uso de maconha", que é um quadro
caracterizado por um padrão de uso problemático da Cannabis.
Segundo a Associação Psiquiátrica Americana
(American Psychiatric Association, 2013), para o diagnóstico de um transtorno
de uso de maconha, há necessidade da presença de pelo menos dois dos
sintomas abaixo, ao longo de pelo menos um ano (os exemplos são
ilustrativos e podem variar de caso para caso):
1. A maconha é consumida em quantidades
maiores ou por um período mais prolongado do que se pretendia (por exemplo, a pessoa
decide que vai fumar um baseado mas acaba fumando vários ou decide que vai
ficar fumando só até um determinado horário, mas acaba passando desse horário).
2. Há um desejo persistente OU várias
tentativas de parar de usar ou de controlar o uso. (Isto porque algumas pessoas
claramente percebem que querem parar ou controlar, mas não conseguem e outras
não têm esta percepção; porém, se uma pessoa já se propôs a controlar o uso ou
parar várias vezes e sempre volta a usar, é sinal quase certo de que não está
conseguindo, só que ainda não percebeu.)
3. Muito tempo é gasto para conseguir a
maconha, usando a maconha ou se recuperando de seus efeitos. (Por exemplo, a
pessoa percorre longos trajetos ou perde muito tempo para conseguir comprar a
maconha; ou fica usando várias horas seguidas; ou o barato da maconha demora
muito tempo para passar e a pessoa recuperar seu normal e poder realizar suas
atividades.)
4. Ocorrência de "fissura" ou um
desejo e necessidade muito fortes de usar a maconha.
5. Uso repetido de maconha resultando em
insucesso no cumprimento de obrigações no trabalho, na escola ou em casa. (Por
exemplo, um adolescente que deixa de estudar para a prova porque fica fumando
maconha ou porque fica sob efeito de ter fumado.)
6. Continuação do uso de maconha apesar de
problemas sociais ou interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou
piorados pelos efeitos da maconha. (Por exemplo, a pessoa fica
frequentemente sob o efeito do "barato" da maconha e tem
comportamentos que levam os outros a se afastarem.)
7. Importantes atividades sociais,
ocupacionais ou recreativas são interrompidas ou diminuídas por causa do uso da
maconha. (Por exemplo, a pessoa se isola socialmente ou da família porque
prefere ficar curtindo o "barato" da maconha.)
8. Uso recorrente de maconha em situações que
envolvem perigo físico. (Por exemplo, dirigir sob o efeito de maconha.)
9. Continuação do uso da maconha apesar de a
pessoa apresentar problema físico ou psicológico sobre o qual ela sabe que é
causado ou piorado pela maconha. (Por exemplo, a pessoa sabe que tem uma
bronquite piorada por fumar maconha e, mesmo assim, continua fumando.)
10. Tolerância: a pessoa tem necessidade de
usar quantidades cada vez maiores de maconha para conseguir o mesmo
"barato" ou, ao contrário, a pessoa mantém a mesma quantidade de
maconha que sempre usou, mas os efeitos diminuem, ao longo do tempo.
11. Abstinência característica da maconha
(irritabilidade, raiva ou agressividade; nervosismo ou ansiedade; dificuldades
de dormir; diminuição do apetite ou perda de peso; inquietação; humor
deprimido; desconforto por caus de dores abdominais, tremores, suor, febre,
calafrios ou dor de cabeça) ou necessidade de usar maconha para evitar os
sintomas de abstinência.
Nos Estados Unidos, cerca de 3,4% dos jovens
entre 12 e 17 anos apresentaram este diagnóstico em algum período do ano
anterior à pesquisa, assim como 1,5% das pessoas acima de 18 anos (1).
No Brasil, segundo levantamento em 2012, 6,8% dos adultos pesquisados usaram maconha na vida, o que correspondia a mais de 7,8 milhões de pessoas; destes, 43% haviam usado no ano anterior à pesquisa e, destes, por sua vez, 37% eram dependentes. (2)
Neste mesmo levantamento, 4,3% dos adolescentes pesquisados já havia utilizado, dos quais 79% haviam usado ao longo do ano anterior à pesquisa. Destes, dez por cento eram dependentes. (2)
Referência:
1. American Psychiatric Association. (2013).
Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Washington, DC
2. Laranjeira
R (supervisor) Madruga CS, Pinsky I,
Caetano R, Mitsuhiro SS, Castello G II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD) – 2012. Instituto Nacional para Políticas Públicas
de Álcool e outras Drogas ((9INPAD),
(UNIFESP) . São Paulo, 2014
Ilustração
Grimmet C Smoking Wikimedia Commons https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Cannabis_smoking#/media/File:Smoking_(6307374507).jpg , acessado em 04/08/2018

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